Devaneios sobre liberdade


Rubens Balestro

         

         

 

 

 

          Liberdade, o que é?

          Difícil definir ou mesmo conceituar.

         O dicionário diz ser um estado, uma condição, uma maneira de ser.

          Minha ideia de liberdade é ter, sem necessariamente usar. É ser, sem necessariamente parecer. É poder, sem necessariamente fazer.

           A liberdade é relativa a algo. Sou livre para…, sou livre de…, sou livre, apenas, parece não existir.

           A dificuldade em se escrever sobre liberdade fica maior quando nos damos conta de que ela, na maioria das vezes, tem limites. Existem leis que a liberdade não nos torna apto a quebrá-las. A lei da gravidade, por exemplo. Além do mais, “minha liberdade” deve findar onde inicia a do meu próximo. São os limites morais. Lutar por liberdade é lutar por ampliação de limites. Quanto maiores forem meus limites mais “liberdade” tenho, porém sempre terei limites. Pensando assim, ampliação dos limites, temos uma ideia mais clara da necessidade de buscá-la ou de nos contentar com a que temos.

           Ao relacionar liberdade com limites percebemos também a necessidade de relacioná-la com espaço. Sou livre porque tenho meu espaço. Não necessito de todo o espaço, mas de um pouco que é relativo, diferenciado para cada pessoa, cada coisa ou estado. Entendendo a liberdade por um espaço, nos damos conta de que para ampliar o nosso espaço ou lutar para conquistar mais liberdade, outro terá de reduzir o seu espaço. Quando reduzimos o nosso espaço alguém ganha mais liberdade.

            Com a liberdade deve estar a responsabilidade, parceria indissociável e proporcional. Quanto maior a liberdade maior deverá ser a responsabilidade. Somos responsável pelo espaço que tomamos. Quem não pode responsabilizar-se por ele deve ter menos espaço, menos liberdade. Somos também responsável pela liberdade que damos e pelo espaço que concedemos.

           Podemos perder a liberdade por não saber usá-la. Podemos perdê-la por não impor limites, dando ou cedendo em demasia.

           Deste ponto de vista, o de dar ou buscar maior espaço, percebemos que liberdade relaciona-se também com o poder, o poder de ter. Quem tem poder necessita, para mantê-lo, que outros tenham menos “espaço”. Espaço não apenas para mover-se, mas também o espaço da expressão, liberdade de exprimir ideias, pensamentos. A expressão pode diminuir o espaço de quem tem o poder. Daí vem a opressão que tenta diminuir a liberdade, o espaço. Chamamos isso de prisão.

            Relacionando liberdade com a sua relatividade, seus limites, seu espaço, com a responsabilidade e poder, então, como definir liberdade de uma forma simples?

            Um juiz, não lembro o nome ou onde, disse: “Tenho toda a liberdade, posso fazer o que quero, desde que dentro destas quatro paredes que são o meu código de leis”.

            Queria ser livre. Livre para errar, para não ir, para não sair, para ser parecido, para não fazer, para ficar quieto, para chorar, para ser feio, para parar, para morrer, para comer.

           Queria ser livre para, quem sabe, não ter de ser.

 

Sobre rubensbalestro

Um eterno aprendiz que passa seu tempo entre o aprender e o ensinar.
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Uma resposta para Devaneios sobre liberdade

  1. Roberta disse:

    Não há como não escrever sobre teu texto meu querido!

    Primeiramente, admiro-me com esta sua idéia de liberdade, quando deparo-me com a lembrança de tua fala recente: -“Contento-me em admirar a tua liberdade!”
    Segundo teu parecer neste texto, eu sou o individuo menos liberto deste mundo!

    Entendo e aceito, partindo uma uma visão mecanicista… Capra fala muito claramente dessa visão sistemica e dualista sobre a realidade em que vivemos…

    Admitir que estás correto seria para mim esquecer da parte que julgo mais concreta hoje em dia. Digo um concretismo não palpável, que nossa coordenadora de curso expressa como “idéias místicas gelatinosas”… =]

    EU SOU ALMA LIVRE! Tenho toda a liberdade pois minhas ações são livre arbítrio… Eu escolho (ficar triste ou alegre, sentir raiva ou bondade, amar ou odiar, rir ou chorar), isso é liberdade!

    A terra não nos pertence, somos nós que a ela pertencemos, portanto, ter só é necessário para sobrevivência (ter o alimento, o abrigo…), esta palavra não nos torna livres, pelo contrário, quanto mais desejamos ter, mais nos limitamos a isto! Ter é o limite, ter impossibilita a liberdade de irmos e virmos, de agirmos da maneira como desejamos agir, pois ter gera a possibilidade de PERDER e isto gera MEDO, e este nos impossibilita de SER… que é essencial para sentir a liberdade!

    Tudo deve estar em equilíbrio!
    Não adianta fingirmos que não estamos neste mundo, pois nele ainda é necessário viver e para isso, da forma como estão as coisas, Ter nos fornece condições para sobrevivermos, porém não podemos nos esquecer de SER, pois só assim teremos as asas da liberdade, só sendo teremos a felicidade e experimentamos o Amor Divino e verdadeiro!

    Este mundo é finito… viemos para experimentar e aprender… a liberdade pode ser sentida, mas tenha sempre a certeza de que ela não está fora de ti!

    Minha humilde e sincera idéia…

    Namastê amado amigo!

    Beta =]

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